"Não quero
a boa razão
das coisas.
Quero
o feitiço das

palavras."

Manoel de Barros

08/11/2009

Em Pasárgada, Rainha de Meu Rei


Ah, desde sempre sonhei
Com Bandeira de guia, tremulante,
Pra Pasárgada com Manuel irei
Sem saber ainda o amor – Amante! Avante!

Cá me chegam as tristezas
As lágrimas do não vivido
Os anseios das incertezas
No caminho ora esquecido.

O acaso, Manuel me dará
O destino, Pasárgada avistou,
O amor, quem é? Quem será?
Em seus braços, prá lá eu vou.

Chegando à rua vazia, sombria
Uma luz surge adiante,
Já foi noite, agora dia,
Antes muda, agora cantante.

Abra a porta, Manuel amante
Abre alas, mestre-sala da vida
Receba-me, saudade agonizante
Em teus braços, atrevida:

Dançarei a dança do Fogo,
Da Lua, da Água, do Vento,
Da Mata, do Sol, do sensual jogo
Das Flores, das Cores, do encantamento.

Saciada, eu voltarei.
De Pasárgada, enfim voltarei!
Rainha, altiva, sem meu Rei.
Manuel, do sonho eu acordei!
Tudo que tenho, lá eu deixei!


Ana M M Pereira "Uma Viagem Pra Pasargada" - Litteris, Ed. 2009 (lançado na Bienal - RJ)