"Não quero
a boa razão
das coisas.
Quero
o feitiço das

palavras."

Manoel de Barros

18/10/2010

Pra Pessoa, Quem eu Sou

Que poeta eu sou?
Sou poeta - vagabundo!
No universo em que estou,
Sou Pessoa - vagamundo!

Quando escrevo, finjo versos
E sem querer crio prosas
Esses escritos tão diversos
Ora são contos, ora são trovas.

Sou real espelho de mim
Refletindo luz desconhecida
Na alheia boca carmim
De uma paixão adormecida.

Quem me dera ser real
Como Fernando é Pessoa.
Não posso! Sou passional,
Acredito no amor, mesmo à toa.

Nessas voltas que o mundo faz
Vou girando com muita dor.
Não se engane, sou contumaz
Do amor real, um fingidor!

Se quiser me conhecer,
Lê em meus versos o amor.
Amor que quer esquecer
Os poemas escritos na dor.

Você quer uma mensagem
Que te faça acreditar?
Dispense, sem medo, essa roupagem.
Dispense a crítica do seu olhar.

Venha aplacar minha dor
Mas venha com tanta emoção
Que eu desnudo meu esplendor
E te entrego, enfim, meu coração.

Sou poeta - fingidor
Pra Pessoa, que eu sou?
Sou poeta - amador
À espera do amor - cá estou!


Ana M M Pereira - "De Pessoa pra Pessoa" - Editora Litteris - 2010