"Não quero
a boa razão
das coisas.
Quero
o feitiço das

palavras."

Manoel de Barros

30/03/2013

É só querer...


Sou feliz? Sim – sou feliz! Não o tempo todo, não todo o tempo... Acredito nos momentos felizes que se gravam dentro da gente como se felicidade infinita. Tenho muitos desses momentos de ontem, de hoje e que se distribuirão pelo amanhã...
 
Tem gente que me faz feliz porque existe! Tem gente que é a minha própria felicidade! Tem gente que está longe e me traz felicidade aos pouquinhos – ventinho que sopra, perfume que impregna, sabor que alimenta, abraço que aproxima...

Tem gente que me faz feliz porque está pertinho – um carinho inesperado, uma palavra que significa, um silêncio que aceita, um gesto que diz ‘tudo bem’ – estamos juntos na mesma estrada...

Tem gente que distrai, tem gente que irrita, tem gente que faz e tem gente que nada precisa fazer...

Mas, tem tristeza sem entendimento, ou muito motivo... Tristeza que não trai minha felicidade, mas dói. Não destrói o sol, mas nubla; que se confunde com a chuva teimosa, às vezes só uma garoa; outras, uma tempestade de transbordar qualquer grande coração.

Palavras... Algumas o vento leva e não deixa nem uma letrinha pra contar história; Outras valem ouro, criam raízes; certas palavras soam como notas musicais, um acorde, um tango bem passional, um sambinha gostoso pra batucar... Ah, mas existem palavras, pequenas, pesadas, quase não pronunciadas – que ferem, assustam e cortam laços, fazem nós na garganta e na alma, aquelas ‘mal ditas’...
 
Verdade = palavra duvidosa; família = sentimento que dispensa palavra; carinho = rima com ninho, bem como felicidade = rima com você, nós, apesar de, sempre = é só querer!!!!

29/03/2013

o Bolo de Ameixa da vó Jê

    É cheirinho da cozinha da infância...

    É sabor de Natal, Páscoa, Lanches em família ou entre amigos... É o abre-alas do nosso lar...

    O BOLO de AMEIXA da d. Jê já viajou, já foi pedido de presente, já foi motivo de inveja entre os netos, já foi servido no café da manhã, na sobremesa, na ceia - com sorvete de baunilha, com fatias de presunto, com creme, purinho - de lamber os lábios, de pedir bis!!!!

    D. Jê só fazia dose dupla, às vezes tripla... Não usava batedeira - ainda tenho a 'sopeira' de inox onde devem ter sido 'batidos' com a colher de pau mais de 200 bolos, na força, no carinho e nas mãos abençoadas da mamãe Jê.

    A receita nunca foi negada, mas todos que a receberam voltavam e pediam o bolo pronto = '...não fica igual'... Alguns ligavam aflitos, enquanto preparavam a massa e diziam que a receita estava incompleta - qual a quantidade de leite? - Não, não está incompleta; esse bolo não leva leite!!!!

    Então, nunca ousei fazer esse bolo; copiei a receita várias vezes; arrisquei indicar a batedeira (e os bolos da d. Jê abandonaram a sopeira pela batedeira). Fazer o BOLO de AMEIXA parecia-me tarefa fadada ao erro - faltava-me coragem...

    Essa semana recebemos um covite para almoço na sexta-feira santa; convite do sogrão da Natália, ainda não apresentado à vovó Jê e a mim.

    Vovó Jê não pode mais brincar na cozinha... Tomei coragem e 'alguns copinhos de cerveja'... Comprei os ingredientes e...
   
    Ficou bonito! Fiz tudinho do jeitinho da d. Jê - desenformei quente, assim que saiu do forno (e não quebrou); furei todinho, despejei a calda, de volta pra forma, furei de novo e despejei mais calda... Ficou na forma até o momento de levá-lo de presente...

    Ainda não provei [doce só no domingo de Páscoa!!!!] E, claro que fiz em dose dupla e mais dois pequeninos...

    Já perdi o medo; 'mão boa' como diz d. Jê - eu tenho...

Quer um pedaço?!?!?!?!



28/03/2013

Um tempo de infância

Na casa grande da vovó

Quando vivi a infância
Na casa grande da vovó
Imaginei a existência
Ouvindo o canto do curió
 
Pintei os lábios e os dedos
Da cor rubra da amora
Do sabor sem segredos
Enchi o pote de carambola
 
Li na sombra do Jamelão
Ri das caretas do vizinho
Toda vez que do portão
Pedia um ramo de azevinho
 

Um pé de alface eu vi crescer
Um pé quebrado senti doer
Uma mão pegou mamão
- macho; o ‘fêmea’ serve não
 
Tinha a tal de azedinha
Que entortava o galho verdinho
Fruta bem pequenininha
Comia um montão no cantinho
 
Também tinha sapoti
Que nunca mais aqui eu vi
Era uma briga com o bem-te-vi
Que chegava rápido por ali
 
Manga rosa, manga espada
Reinava no meio do quintal
Pra pegar não tinha escada
Bastava o bambu do varal
                                                    
                                                   
 
Sob o coqueiro gigante
De ‘baba de boi’ – o coquinho
Sempre tinha muita gente
Esperando cair um bocadinho

 
Ah, muita cabeça quebrada
De quem não queria esperar
Lá vai pro alto a chinelada
Lá vem o coco duro de rachar!
 
Só na casa grande da vovó
Os dias eram de festa colorida
Não tinha tempo de ficar só
Nessa casa de tanta acolhida!
 
16/10/2012
Ana M M Pereira
 

27/03/2013

Bolo de Sardinha em lata

É tempo de Páscoa!!!

Não quero falar da significância religiosa...

Sei que desde a infância, para a minha família,  os dias que antecendem o 'sábado de aleluia' são dias de refeições 'pescadas', ou variações congeladas, enlatadas, etc.

Sexta-feira vamos almoçar com amigos e... saborear um delicioso bacalhau!

Ontem, uma passadinha rápida (rápida nada; o supermercado da esquina prima pela falta de funcionários e excesso de clientes!) e lembrei de uma receitinha familiar fácil, simples e gostosinha - o "Bolo de Sardinha". Comprei os ingredientes que não tinha em casa e fiz hoje, para saborear amanhã:


BOLO de SARDINHA
Ingredientes:

Massa

- +ou- 7 batatas (tamanho médio)
- 1 colher (sopa) de margarina
- 3 ovos (claras e gemas separadas)
- 2 latas de sardinha (prefiro em 'molho de tomate')
- 1 xícara de leite
- picles picados, azeitonas picadas ou temperos - cebola, alho, tomate [bem picados] e cheiro verde

Cobertura

- maionese (1 vidro médio), pimentão (vermelho / amarelo) em tiras e tomates em tiras
- palmito em rodelas (opcional)

Preparo:

1) Cozinhe a batata e amasse bem; acrescente a margarina, as gemas, a sardinha, o leite e misture muito bem; vá misturando os temperos e, por último, as claras em neve [misture bem, com suavidade].
     Verifique o sal, já que a sardinha, o picles e/ou a azeitona já são salgados.

2) Coloque essa 'massa' numa forma de bolo (fica mais bonito em forma de 'cone' no meio) untada com margarina e polvilhada de farinha de rosca.
     Leve ao forno médio por cerca de 40 minutos (até ficar dourado e sequinho ao espetar um palito).
     Deixe esfriar e leve à geladeira (cobrir c/ papel alumínio) até o dia seguinte.

3) Antes de servir, desenforme num prato, cubra com a maionese e enfeite com o tomate, o pimentão e o palmito.




esfriando para levar à geladeira

 
     Amanhã mostro a finalização...


'Amanhã' chegou ...

simples assim...
 

Li e gostei muito:



                Não sei você, mas eu apaixonei-me por 'TREM NOTURNO PARA LISBOA', de Pascal Mercier. É um livro que chegou ao Brasil em 2009, pela Record.

                 No ‘Prelo’ do caderno PROSA - O Globo, de 20/10/2012: “Trem Noturno nas telas – Fenômeno editorial na Europa, onde vendeu mais de dois milhões e meio de exemplares desde que foi publicado em 2004, TREM NOTURNO PARA LISBOA ganhará em 2013 uma versão para o cinema. O diretor será Bille August, vencedor de duas Palmas de Ouro em Cannes, e o ator Jeremy Irons estará no papel do professor suíço Raimund Gregorius, protagonista do romance, que foi publicado em mais de 30 países”.

                Torço por essa produção cinematográfica – e espero viajar com ‘Mundus’ [assim é chamado Gregorius] – no jargão que se criou em Portugal – ‘tomar o trem noturno para Lisboa’ para todos que desejam ou se defrontam com a virada- desvestir-se de si mesmo, mergulhar num outro eu e cair na vida ou iniciar a viagem para dentro de si mesmo e se redescobrir – acordar, despertar!

                 O encontro com a melodia das palavras, a paixão pela sonoridade da palavra ‘português’, com Dr. Almeida Prado, com o inesperado e, até, com o imprevisível do previsível – o improvável, nos caminhos de Lisboa e nas lembranças do vivido por cada um já é uma viagem imperdível.

                 Depois dessa notícia quero reler TREM NOTURNO PARA LISBOA; meu exemplar viajou com bilhete de ‘ida’, sem data para retornar. Vou buscar essa releitura – sei que vou me apaixonar/reapaixonar e, quiçá, conquistar uma nova etapa da descoberta sem fim.
...
               
 
2013 chegou; e a tão esperada notícia 
 
 
             
                  Será que chega no Brasil?!?!?!
 
 
 
 
"Ainda bem que sempre existe outro dia.
E outros sonhos.
E outros risos.
E outras pessoas.
E outras coisas..."
 


Outono


É OUTONO!

 É tempo de colheita!
É a beleza das árvores se despindo para enfeitar o chão de folhas douradas...
É a inspiração que voa de mansinho como as brisas leves aqui e acolá...
É lembrança da infância - pé no chão
no tapete dourado sob
as amendoeiras...
É...
"Sei como voltar:
as cores do meu outono
desenham caminhos"
- Yberê Líbera