Na casa grande da vovó
Quando
vivi a infância
Na casa
grande da vovó
Imaginei a
existência
Ouvindo o
canto do curió
Pintei os
lábios e os dedos
Da cor
rubra da amora
Do sabor
sem segredos
Enchi o
pote de carambola
Li na
sombra do Jamelão
Ri das
caretas do vizinho
Toda vez
que do portão
Pedia um
ramo de azevinho
Um pé de
alface eu vi crescer
Um pé
quebrado senti doer
Uma mão
pegou mamão
- macho; o
‘fêmea’ serve não
Tinha a
tal de azedinha
Que
entortava o galho verdinho
Fruta bem
pequenininha
Comia um
montão no cantinho
Também
tinha sapoti
Que nunca
mais aqui eu vi
Era uma
briga com o bem-te-vi
Que
chegava rápido por ali
Manga
rosa, manga espada
Reinava no
meio do quintal
Pra pegar
não tinha escada
Bastava o
bambu do varal
Sob o coqueiro
gigante
De ‘baba
de boi’ – o coquinho
Sempre
tinha muita gente
Esperando cair
um bocadinho
Ah, muita
cabeça quebrada
De quem
não queria esperar
Lá vai pro
alto a chinelada
Lá vem o
coco duro de rachar!
Só na casa
grande da vovó
Os dias
eram de festa colorida
Não tinha
tempo de ficar só
Nessa casa
de tanta acolhida!
16/10/2012
Ana M M Pereira
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